Como eliminar a caspa rapidamente?

A caspa, ou dermatite seborreica, como é chamada em dermatologia, é uma condição no couro cabeludo que afeta entre 40 a 60% dos adultos no mundo(1). Consiste numa descamação excessiva do couro cabeludo, que em vez de libertar uma única célula (um corneócito maduro), gera aglomerações maiores e visíveis de centenas ou milhares de células. Um estudo abrangente com mais de 20 000 mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 75 anos concluiu que a caspa é mais comum entre os 15 e os 34 anos e que a incidência diminui depois dos 45 anos(2).

O microbioma do couro cabeludo e a caspa
Para compreendermos porque é que ganhamos caspa, primeiro temos de reconhecer que o couro cabeludo contém todo um mundo próprio. Cada centímetro quadrado aloja entre 10 000 e 100 milhões de microrganismos, sobretudo bactérias e fungos(3). Este ecossistema é chamado de microbioma do couro cabeludo. A investigação permitiu que os especialistas identificassem os microrganismos específicos que desempenham um papel importante na caspa: uma estirpe de levedura chamada Malassezia. Descobriu-se que esta levedura domina o microbioma em couros cabeludos de pessoas com caspa(4).

Reconhecer os dois tipos de caspa
Existem dois tipos de caspa. A caspa seca e a caspa oleosa, conhecida como caspa aderente, já que tende a ficar colada no couro cabeludo. A caspa seca caracteriza-se por uma textura escamosa, com partículas finas, esbranquiçadas ou acinzentadas, que tendem a soltar-se sozinhas.  A caspa oleosa ou aderente, por outro lado, tem flocos mais espessos e oleosos, que ficam colados ao couro cabeludo e que se vão acumulando. Ocorre quando há uma produção excessiva de sebo no couro cabeludo.  A caspa aderente costuma reaparecer, já que o sebo promove o desenvolvimento da levedura Malassezia, criando um círculo vicioso. Ambos os tipos de caspa podem irritar, embora isso nem sempre aconteça.

Queres conhecer os motivos da caspa?
A caspa ocorre por vários motivos.  Primeiro, é importante confirmar se não é psoríase, uma condição inflamatória da pele, que pode causar descamação intensa, acompanhada de irritações avermelhadas. Os fatores para a caspa são vários: stress, alterações hormonais, desequilíbrio no pH da pele e até secura do couro cabeludo, por causa do aquecimento no inverno. Todos provocam o excesso de produção sebácea, que contribui para a caspa e para um ambiente favorável à colonização da levedura Malassezia no couro cabeludo. De facto, o inverno é conhecido como a “estação da caspa” em regiões de clima temperado(5), ao passo que a estação seca agrava a caspa na Tailândia, por exemplo(6).

É importante restabelecer o equilíbrio do microbioma do couro cabeludo. Deixa de usar todos os produtos que aplicas no cabelo. Usar champôs demasiado agressivos para o couro cabeludo pode ressecá-lo e causar irritação e excesso de produção sebácea, criando um desequilíbrio propício ao desenvolvimento da Malassezia. As fórmulas agressivas causam sensibilidade, provocando inflamação e o aparecimento de caspa. Por isso, dá descanso ao teu couro cabeludo. Deixa de lado todos os produtos de modelação desnecessários por enquanto. Muda para um champô e condicionador suaves, de preferência com uma fórmula anticaspa com pH neutro.

Escolhe um champô anticaspa eficaz e de ação rápida
Quando escolheres um cuidado anticaspa, opta por champôs concentrados em ativos dermatológicos com eficácia comprovada sobre a caspa, como o Sulfeto de Selénio, o principal ativo nos produtos anticaspa da Vichy, para começar a libertar o couro cabeludo da caspa desde a primeira lavagem. Outros ativos incluem o Zinco e a Piroctona Olamina, dois ingredientes conhecidos pela sua ação antifúngica para combater leveduras. Uma fórmula anticaspa deve aliviar o couro cabeludo infeliz e com comichão, logo desde a primeira aplicação. A partir da segunda aplicação, deve haver uma diminuição no aspeto dos flocos no cabelo e no couro cabeludo, graças à redução da levedura Malassezia, sem afetar as restantes comunidades de bactérias naturalmente presentes no couro cabeludo. Utilizar estes champôs é uma forma rápida de ajudar o couro cabeludo com caspa a ficar livre dos flocos incómodos.

Combater a caspa aderente com esfoliantes para o couro cabeludo
A forma mais rápida de combater a caspa aderente é com um esfoliante para o couro cabeludo. Esta técnica de esfoliação ajuda a remover os flocos amarelados e espessos que ficam colados ao couro cabeludo e às raízes.  Escolher cuidados à base de esfoliantes em vez de um champô anticaspa tradicional pode ajudar a eliminar os óleos compactados em flocos mais complexos e devolver a saúde ao teu couro cabeludo. Opta por esfoliantes com ingredientes que realizem uma esfoliação de forma natural, como o Ácido Salicílico, para ajudar a combater a caspa aderente oleosa a longo prazo.

Enxaguar bem é fundamental
Talvez também precises de rever a forma como lavas o cabelo. Certifica-te de que retiras completamente o champô depois da lavagem, porque os resíduos podem irritar. Tem cuidado com a exposição solar intensa, pois pode ressecar o couro cabeludo e causar descamação. Opta por fórmulas sem álcool e sem sulfatos e evita irritantes conhecidos, como óleos essenciais e agentes espumantes. Se a caspa persistir, consulta um dermatologista.

1. D Saint-Leger. Dandruff (Pityriasis capitis simplex) : of yeasts and men. In : The science of hair care . C Bouillon and J Wilkinson Eds. Taylor and Francis, Boca Raton London New York Singapore. Chapter 21, 609-632, 2005. And J R Schwartz et al. A comprehensive pathophysiology  of dandruff and Seborrheic Dermatitis - towards a more precise definition of scalp health. Acterdermvenerol 2013.
2. Fonte: Beauty trackWomen 12 pays (2016) & beauty track Men 6 pays (2013), IPSOS pour L’Oréal Recherche. Focus Europe et USA: more than 20000 femmes, 15 à 75 ans. b. Bilan antipelliculaires - CMI- mai 2012
3. Saint-Léger, Clavaud C. et al., The Human Scalp and Related Cosmetic Care Products, Basic Science for Modern Cosmetic Dermatology, Penguin books, 13: 167-178, 2015.
4.Mc Ginley et al. Quantitative microbiology of the scalp in non dandruff, dandruff, and seborrheic dermatitis. J Invest Dermatol , 64:401405, 1975.
5. Robbins C.R. et al., Dandruff, Scalp flaking and Scalp Care, Chemical and Physical Behaviour of Human Hair, Springer, 5th ed., 6:11, 420, 2012.
6. Harding C. R.et al., Dandruff : a condition characterized by decreased levels of intercellular lipids in scalp stratum corneum and impaired barrier Function. Arch Dermatol Res. 294 : 221-230, 2002.